02 novembro 2008

Nacionalização do BPN - PARTE DOIS

Vivemos, sem dúvida, tempos conturbados e, mais do que isso, contraditórios. A nacionalização de um banco privado nos dias de hoje é motivo de espanto generalizado, e com razão. Na verdade, até há poucos meses o discurso ouvido, sufragado e aclamado em Portugal era em defesa da economia de mercado, pois, para além de todas as suas virtudes e potencialidades intrínsecas, só o mercado poderia livrar-nos do nosso atraso milenário, até porque esse dito atraso foi repetidas vezes atribuído, quer por políticos, quer por reputadíssimos académicos, à falta de funcionamento do mercado em Portugal. Diziam os nossos eminentes especialistas, em espaços televisivos especialmente programados para o efeito ou em conferências académicas para as quais foram principescamente pagos, que em Portugal havia excesso de controlo por parte do Estado e particularmente no sector bancário.
É claro que a notícia de hoje de nacionalização pelo Estado Português de um banco privado que, deve dizer-se, foi criado e quase sempre gerido por eminentes especialistas em economia e que, certamente não por acaso, assumiram nos últimos anos funções governativas, não deixa de causar algum espanto e muita perplexidade. Para além disso impõe muitas perguntas. Por agora, gostaria apenas de saber se os responsáveis pela situação que levou à nacionalização do BPN, que deve ser muito grave, presumo eu, vão ser responsabilizados civil e criminalmente. E já agora só mais uma dúvida: o actual responsável pelo BPN é, ao que sei, o Dr. Miguel Cadilhe que, como todos estamos lembrados, apresentou há alguns meses atrás uma lista para o BCP. É natural por isso colocar a questão da relação entre os dois acontecimentos. O tempo o dirá.

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