Sobre a crise financeira mundial já muito se falou. Falou-se muito, é certo, mas muito pouco se disse e muito menos ainda se esclareceu sobre as suas causas e, talvez mais importante do que isso, sobre as possíveis formas de a ultrapassar.
É por isso que vale a pena prestar atenção às noticias hoje vindas a publico, segundo as quais o Presidente em exercício da União Europeia, Nicolau Sarkozy, quer promover um conjunto de encontros e conferências cujo objectivo ultimo será Refundar o Capitalismo. Parece-me que a questão é pertinente! No entanto será que é suficiente, querer refundar o capitalismo? Por onde passará essa refundação? Será que isso significa manter e até reforçar a lógica do sistema, como defendeu no último fim-de-semana o Presidente Americano num encontro que juntou Sarkozy e Durão Barroso, na sua casa de férias! Ou, pelo contrário (ou talvez não …) é necessário aproveitar as potencialidades de mudança que qualquer crise contém (com esta incluída) para instaurar uma nova ordem económica mundial?
Pela minha parte considero que esse é o caminho, por isso aponto aqui alguns atalhos que é preciso percorrer:
É necessário alterar as regras que têm norteado o comércio mundial, no sentido de distribuir melhor pelos “quatro cantos do mundo” os inegáveis benefícios de bem-estar e conforto para a população que os níveis de desenvolvimento até agora atingidos pela humanidade (até antes nunca verificados, diga-se) manifestamente permitem;
Fazer com que as actividades dos humanos se traduzam em economia real e não tanto virtual, o que passaria por voltarmos a ser mais uma sociedade de produtores e menos um conjunto de consumidores;
Com esta mudança talvez estivéssemos a contribuir para, pelo menos, diminuir o escândalo da desigualdade de rendimentos, como foi hoje mesmo confirmado pelo Relatório da OCDE, que não hesita em afirmar que o crescimento tem andado em sentido contrário da igualdade. Esse relatório diz, com efeito, que o fosso entre ricos e pobres tem aumentado nos últimos 20 anos em todos os países (e são muitos …) membros daquela organização. Diz também que finalmente Portugal e os Estado Unidos estão empatados na promoção da desigualdade … Até que enfim somos iguais aos americanos em alguma coisa!!!
Finalmente (porque o texto já vai longo) é necessário repensar o valor do trabalho nas sociedades contemporâneas que o sistema capitalista há mais de dois séculos conseguiu, não sem grande esforço e com muita crueldade, mercantilizar. Mas este tema do trabalho, ou a falta dele, ficará para um próximo texto.
Por agora termino dizendo que esta e outras mudanças não podem resultar apenas do que os políticos, os especialistas em economia, os gestores que estão sempre prontos a apresentar soluções milagrosas que muito depressa se revelam desastrosas, vierem a dizer e a decidir. Antes implicam e até exigem a participação de todos os cidadãos do mundo, pois é da vida deles que os políticos têm andado a tratar, pelos vistos, mal.
Parece-me, no entanto, que pelo menos por agora as expectativas de que esta crise venha a mobilizar os povos e os cidadãos não são muito animadoras, a julgar pelo silêncio que as pessoas, as organizações não governamentais e muitos outros têm revelado. Tentando encontrar uma explicação para isso, talvez seja de admitir que todos nós já percebemos que a instauração de uma nova ordem económica mundial obrigará alguns de nós a alterar os nossos modos e estilos de vida. Talvez também já todos nós tenhamos percebido que é mais fácil subir com esforço do que descer com facilidade.
É por isso que vale a pena prestar atenção às noticias hoje vindas a publico, segundo as quais o Presidente em exercício da União Europeia, Nicolau Sarkozy, quer promover um conjunto de encontros e conferências cujo objectivo ultimo será Refundar o Capitalismo. Parece-me que a questão é pertinente! No entanto será que é suficiente, querer refundar o capitalismo? Por onde passará essa refundação? Será que isso significa manter e até reforçar a lógica do sistema, como defendeu no último fim-de-semana o Presidente Americano num encontro que juntou Sarkozy e Durão Barroso, na sua casa de férias! Ou, pelo contrário (ou talvez não …) é necessário aproveitar as potencialidades de mudança que qualquer crise contém (com esta incluída) para instaurar uma nova ordem económica mundial?
Pela minha parte considero que esse é o caminho, por isso aponto aqui alguns atalhos que é preciso percorrer:
É necessário alterar as regras que têm norteado o comércio mundial, no sentido de distribuir melhor pelos “quatro cantos do mundo” os inegáveis benefícios de bem-estar e conforto para a população que os níveis de desenvolvimento até agora atingidos pela humanidade (até antes nunca verificados, diga-se) manifestamente permitem;
Fazer com que as actividades dos humanos se traduzam em economia real e não tanto virtual, o que passaria por voltarmos a ser mais uma sociedade de produtores e menos um conjunto de consumidores;
Com esta mudança talvez estivéssemos a contribuir para, pelo menos, diminuir o escândalo da desigualdade de rendimentos, como foi hoje mesmo confirmado pelo Relatório da OCDE, que não hesita em afirmar que o crescimento tem andado em sentido contrário da igualdade. Esse relatório diz, com efeito, que o fosso entre ricos e pobres tem aumentado nos últimos 20 anos em todos os países (e são muitos …) membros daquela organização. Diz também que finalmente Portugal e os Estado Unidos estão empatados na promoção da desigualdade … Até que enfim somos iguais aos americanos em alguma coisa!!!
Finalmente (porque o texto já vai longo) é necessário repensar o valor do trabalho nas sociedades contemporâneas que o sistema capitalista há mais de dois séculos conseguiu, não sem grande esforço e com muita crueldade, mercantilizar. Mas este tema do trabalho, ou a falta dele, ficará para um próximo texto.
Por agora termino dizendo que esta e outras mudanças não podem resultar apenas do que os políticos, os especialistas em economia, os gestores que estão sempre prontos a apresentar soluções milagrosas que muito depressa se revelam desastrosas, vierem a dizer e a decidir. Antes implicam e até exigem a participação de todos os cidadãos do mundo, pois é da vida deles que os políticos têm andado a tratar, pelos vistos, mal.
Parece-me, no entanto, que pelo menos por agora as expectativas de que esta crise venha a mobilizar os povos e os cidadãos não são muito animadoras, a julgar pelo silêncio que as pessoas, as organizações não governamentais e muitos outros têm revelado. Tentando encontrar uma explicação para isso, talvez seja de admitir que todos nós já percebemos que a instauração de uma nova ordem económica mundial obrigará alguns de nós a alterar os nossos modos e estilos de vida. Talvez também já todos nós tenhamos percebido que é mais fácil subir com esforço do que descer com facilidade.
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