30 outubro 2008

O ranking das escolas secundárias

Foi recentemente publicado o ranking das escolas secundárias (download aqui). Este ranking é elaborado com base nas classificações médias da 1ª e 2ª fase dos exames nacionais do 12º ano por escola. Foram tidas em conta apenas as 12 disciplinas com mais de 2000 exames realizados no país e as escolas onde foram realizados pelo menos 100 exames no conjunto dessas 12 disciplinas.
A Infanta D. Maria, de Coimbra (onde eu tive o prazer de ser aluno entre o 10º e o 12º anos), foi este ano a escola pública mais bem classificada nos rankings recentemente publicados . Surge no 13º lugar da lista. Em anos anteriores surgiu em posições mais elevadas.
Numa altura em que se mostram mais discretos na afirmação da eficiência dos mercados financeiros, os defensores da privatização de todos os aspectos da vida social encontram na educação um terreno de eleição para as suas atoardas. Vêm com conversa do costume: o sector privado é mais eficaz e competente do que o público, o sector público tem falta de ambição e excesso de preguiça, etc. Falta-lhes, no entanto, a seriedade e a honestidade intelectuais para reconhecerem pelo menos dois aspectos essenciais:
- as escolas privadas têm entre os seus estudantes crianças e jovens de classes socio-economicamente mais favorecidas do que as públicas (a actual Presidente do Conselho Executivo da D. Maria, ao contrário, tem a honestidade de reconhecer que os seus estudantes têm, na maioria, origem nessas classes). Escusado será dizer que está mais do que demonstrada a relação entre classe social e resultado escolar;
- várias escolas privadas convidam a sair os estudantes que não têm médias suficientemente elevadas para poderem manter ou melhorar a sua posição neste tipo de rankings. Obviamente, as escolas públicas estão impedidas de recorrer a semelhante expediente.
Vale a pena ler a entrevista à Presidente do Conselho Executivo da D. Maria hoje publicada no PÚBLICO. Talvez se perceba que o ataque ao ensino público não é apenas uma ficção inventada pelos sindicatos ou por professores preguiçosos. Afinal de contas, parece que até os melhores no ensino público o sentem...

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