25 setembro 2008

Um mundo de fantasia

Em primeiro lugar, entendamo-nos: aprecio a forma de organização das sociedades ocidentais contemporâneas. Creio que são aquelas que, ao longo da História humana, melhores condições materiais de vida e mais possibilidades de auto-descoberta têm proporcionado aos indivíduos.
Dito isto, continua a não ser particularmente difícil encontrar nelas paradoxos lamentáveis. Vejam-se, por exemplo, aqueles que são apontados por John Sentamu, Arcebispo de York, e que podemos encontrar na edição de hoje do The Guardian. Desde logo, o facto de num sistema crescentemente especulativo o dinheiro perder relevo enquanto meio para a troca de bens e tornar-se, ele próprio, no bem que é comercializado. Esta confusão, esta perigosa aproximação entre objecto e símbolo cria um mundo hiper-real regido por regras paralelas às do País das Maravilhas da Alice. Só assim se compreende que, como refere Sentamu, os líderes mundiais tenham conseguido reunir numa semana, com o objectivo de salvar o sistema bancário, 140 vezes mais dinheiro do que aquele que seria necessário para retirar da pobreza 6 milhões de crianças.

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