23 setembro 2008

A crise anunciada

Não sou especialista em economia e muito menos em questões financeiras. Mesmo assim, parece-me que o que se tem passado nos últimos tempos nos mercados financeiros, com destaque para os EUA, justifica que faça alguns comentários a este respeito. Assim, e em primeiro lugar, devo dizer que a falência de alguns bancos de investimento e de seguradoras parece confirmar aquilo que muitas vozes incomodas tinham vindo a dizer há já alguns anos. Diziam eles que o capitalismo estava a resvalar perigosamente para a anarquia económica, para o designado capitalismo selvagem. Diziam também que os tão apregoados êxitos do "novo capitalismo" mais não eram do que uma onda passageira que se poderia esfumar numa noite de encerramento de qualquer casino à beira da falência por ter dado nesse dia avultados prémios.
Ora, parece-me que os últimos acontecimentos dão, em larga medida, razão a esses críticos que há muitos anos insistem em estragar a festa e a felicidade extasiante dos defensores do "novo capitalismo" até porque este é também popular.
Aliás, quando nos finais da década de 80, princípios da de 90 do último século, na era Reagan-Thatcher se começou a falar de "capitalismo popular" confesso que esta expressão me soou a paradoxal. Mas, eis que agora percebo o que se pretendia dizer ou subentender com tal noção: é que essa nova forma de capitalismo pressupunha que alguns geriam grandes quantidades de dinheiro que muitos amealhavam com magros salários, na esperança tonta de, também eles, serem grandes capitalistas, mas se tal gestão desse para torto teria que ser o povo (através dos impostos) a pagar, já que mesmo que o povo protestasse lá estaria o Estado para fazer grandes injecções de dinheiro para salvar a economia sempre a mesma, pois dizem-nos, só desta forma nos podemos salvar da miséria colectiva.
Esperemos com paciência o que os próximos tempos nos dirão, mas arrisco a prever que agora que baixou a maré é que se vai ver quantos andavam nus na praia.

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