Já sabíamos que Cavaco Silva ,o Presidente da Republica, faz politica e gere a sua carreira na lógica da ausência estratégica. A sua ausência no funeral de José Saramago é apenas mais uma . É claro que não vou acreditar que o Senhor Presidente da Republica não se deslocou dos Açores a Lisboa apenas e só porque tinha prometido aos filhos e aos netos que lhes mostraria as furnas, porque, a ser assim, é possível questionar se um Presidente da Republica pode dar este tipo de justificação. Mais facilmente acredito que Cavaco silva não esteve presente no funeral do Nobel Português da Literatura por duas razões fundamentais: a primeira é que não gosta mesmo da escrita e, mais do que isso, das ideias e dos desafios que Saramago lançou a todos nós sobre a sociedade contemporanea; a segunda, e talvez a mais determinante, é que Cavaco silva está a fazer tudo para ser reeleito. De facto, é quase impossível não associar esta sua ausência às muitas polémicas que a obra de José Saramago tem suscitado junto da igreja católica, o que não deixa de revelar o espírito de intolerância que continua a reinar nesta confissão religiosa, como evidencia o artigo hoje publicado no jornal oficial do Vaticano, que mais não adianta do que fazer uma série de comentários de teor negativo e acusatório ao escritor Português que faz lembrar a Santa INQUISIÇÃO. Ora tendo em conta a polémica que causou a promulgação do diploma sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo, Cavaco silva não quis acirrar mais os ânimos na direita ultraconservadora(na qual, de resto, ele está perfeitamente integrado) na tentativa de que não apareça mais um candidato nessa área politica. É caso para dizer que, também por este episódio, SARAMAGO TEM RAZÃO.
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Há 8 anos